Especial Orixás

NOTA: Essa postagem é um pouco extensa, mas peço que tenha a paciência de ler integralmente o conteúdo e compreendê-lo. Essa é a base, o conceito real de mitos e supostamente pode estar relacionada a formação das teorias de personalidade.

Encontramos em nossa cultura diversas definições sobre o que são – ou quem são – os Oríxás, mas todas nos levam a um ponto em comum: são divindades que fazem a ligação entre o ser supremo (Deus) e o plano terrestre.

A origem da cultura a esses Deuses é um tanto quanto obscura. Segundo alguns antropólogos, como Leo Frobenius, a cultura a divindades da natureza teria se originado na Persia, passado pela Palestina e só então chegado ao Sudão e Nigéria. Independete da origem desse conceito, os orixas seriam devas naturais (estão fora do processo evolutivo e de reencarnação), sendo as lendas (itãs) apenas alusões – como as parábolas bíblicas – as suas características.

Em nosso estudo, não vamos nos ater aos rituais religiosos que envolvem essas forças da natureza. Vamos estudá-los de forma mística, interpretando-o como realmente são: elementais da natureza, cujo campo energético e magnético estão introjetados no inconsciente coletivo, criando assim arquétipos (como os signos zodiacais ou chineses).

Assim cada orixá tem um perfil psicológico e um campo de ação específico. Como os elementais – forças utilizadas nos rituais de alta magia – os orixás possuem características humanas e caprichos de acordo com sua atuação, que formam suas  personalidades. É um verdadeiro conjunto de características, comportamentos e tendências fundidos em um ser. Esses orixás interferem e geram predisposições na vida e no destino dos seres humanos.

Podemos encontra base para essa teoria na psicologia analítica desenvolvida por Carl G. Jung, que foi discípulo de Freud e dirigiu por muitos anos a sociedade de psicanálise. No decorrer de seu trabalho, Jung começou a perceber que o inconsciente não era apenas um “baú” cheio de memórias, libido sexual e pulsões reprimidas. Percebeu que existia um sistema “hereditário”, que ia passando de geração para geração e continha todo o conhecimento e misticismo esquecido com os séculos, formando uma espécie de “todo” ao qual estamos ligados. Nasceu aí o inconsciente coletivo.

Jung viajou para a Grécia, África, Itália e outros países, onde estudou alquimia, mitos e lendas na busca de elementos que contribuíssem para a elucidação desse novo horizonte que havia percebido. Notou que existiam padrões nos mitos: guerreiros, sábios, fertilidade, curandeiros, provedores, caçadores, crianças divinas  e assim por diante. Em diferentes regiões do planeta encontramos – por exemplo – mitos de crianças divinas que nasceram de forma miraculosa, cresceram e se tornarem heróis sábios e repletos de discípulos:

– Hórus (Egito): filho de Isis que foi fecundada milagrosamente pelo Deus supremo Osíris. Foi uma criança prodígio e mais tarde tornou-se sábio tendo muitos discípulos. Pertencia a trindade: Atom, Hórus e Rá;

– Krishna (Índia): filho de Devaki que foi fecundada sem contato sexual. Foi uma criança prodígio e mais tarde tornou-se um sábio repleto de discípulos. Pertencia a trindade: Shiva, Krisna e Bhrama;

– Dionísio (Grécia): nasceu de Sêmele engravidada pelo deus Zeus. Foi uma criança/professor prodígio repleto de discípulos;

– Mitra (Pérsia): nasceu sem contato sexual (mãe desconhecida). Foi um grande mentor e teve dezenas de seguidores.

– Hércules (Grécia): filho de Alcmena com o deus Zeus. Alcmena teve sua fidelidade colocada em dúvida pelo marido Anfitrião, que posteriormente se orgulhou de ser pai adotivo do filho de Deus na terra. Possuia discípulos e foi tentado pelas forças malígnas de Hera. Redimiu seus pecados livrando a humanidade de demônios. Sua esposa, Dejanira foi a causa de sua morte, traindo sua confiança. Após sua morte, Dejanira se arrepende e se enforca. Hércules ressucitou e ascendeu ao céus.

– Jesus Cristo (Belém): nasceu de Maria sem contato sexual, sendo engravidada por Deus. A fidelidade e honra de Maria foi colocada em dúvida pelo marido (José), que posteriormente se orgulhou por ser pai adotivo do filho de Deus. Foi uma criança prodígio e seguido por discípulos (apóstolos). Jesus foi tentado pelas forças malígnas de Satanás e se redimiu de ses pecados livrando o mundo de demônios. O discípulo Judas é causador de sua morte. O traidor se arrepende e se enforca. Jesus ressucita e ascende aos céus. Forma a trindade: pai, filho e espírito santo.

O mesmo arquétipo ocorre para indivíduos portadores da palavra do Deus supremo: Moisés (Egito) recebe os mandamentos de Deus, Manu (Índia) recebe os mandamentos de Deus, Minus (Creta) recebe os mandamentos de Deus e até no Livro dos Mortos Egípcio, encontramos hieroglifos mencionando códigos de conduta moral, como: eu não roubei, não roubarás; nunca matei, nunca matarás; nunca menti, nunca levantarás falso testemunho.

Existem analogias também a questão que teria feito a diferença linguística dos povos: o dilúvio. No Egito, Deus ao se arrepender de sua criação humana resolve destruir a vida na Terra, e pede para que Noé construa uma arca e leve um animal de cada espécie. É orientado a soltar uma  pomba, e somente quando ela não retornar a arca (encontrou um local para pousar) ele poderia desembarcar. O Deus Sumério Enlil ao se arrepender da criação humana decide destruir tudo por meio de um dilúvio. Ao encontrar Ziusudra, pede para que seja construída uma arca e para que um casal de cada espécie seja armazenado. É orientado a soltar uma pomba para verificar se o dilúvio se acabou (se a pomba não voltar é porque encontrou terra firme para pousar).

Em civilizações que não se comunicavam, haviam os mesmos mitos, os mesmos “papéis”. Portanto, tinha que existir um “receptáculo universal” aonde estaria guardado todos esses perfis e as energias que carregam, influenciando e definindo a psiquê humana.

Com um rico material em mãos, Carl G. Jung consolida o inconsciente coletivo (receptáculo/biblioteca universal e inconsciente) e define que tal inconsciente coletivo possui uma força energética que é encontrada em elementos primordiais ou arcaicos. Encontrou ainda os 5 principais arquétipos dos indivíduos (persona, animus/anima, sombra e self):

– Persona: como nos mostramos para os outros. É como uma mascara, nem sempre demonstramos ou nos mostramos como verdadeiramente nos sentimos;

– Animus: lado feminino existente no homem, complementando suas características Yin/Yang;

– Animas: lado masculino existente na mulher, complementando suas características Yang/Yin;

– Sombra: nosso lado oculto, características e sentimentos que não queremos admitir pr nós mesmos; nosso “diabinho” interno;

– Self: nosso verdadeiro eu, nossa essência, nosso espírito.

Em minha teoria, as leis naturais e universais são todas milimetricamente calculadas. Assim, no momento que nascemos, já absorvemos do inconsciente coletivo um “papel”  (ou uma parcela, uma energia ou ainda predisposição a certos comportamentos) que em analogia da teoria de Jung chamamos de arquétipo. Creio que o sef individual vem impregnado de um conjunto de características pré-determinadas, que vão coexistir entre a persona, sombra e animus/anima. Tais arquétipos psicológicos herdados de uma ancestralidade presente no inconsciente coletivo são o determinante dos fatos psíquicos individuais e consequentemente de nosso comportamento real.

 

“O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo.”

Fernando Pessoa

 

No decorrer desse mês, vou falar um pouquinho sobre cada um dos orixás, citando suas informações gerais e características arquetípicas de personalidade.

No final, vamos estudar um pouco como essas energias fluem em nós, como identificamos qual os orixás que nos regem e como podemos nos beneficiar dessas energias elementais.

Reitero que esse esse conteúdo não tem nenhuma ligação com nenhum culto religioso. Tudo que coloco aqui está aberto a interpretação e aceitação de cada leitor. Somos pessoas diferentes, temos visões diferentes, informações diferentes e portanto a liberdade de seguirmos o que achamos ser adequado.

Durante esse mês, vamos conhecer um pouco melhor os Orixás de uma forma um pouco diferente do que normalmente é apresentado.

Abraços

Caju

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